Tuesday, August 08, 2006

Carta de Desistência e um Breve Adeus

Não consigo fazer nada além de ficar sentado em meu sofá fumando. Eu poderia sair e pegar um pouco de sol, mas fico aqui. Ai então me sirvo de café e começo a escrever. Escrevo coisas sobre minha vida patética e me acho um bom escritor. Meu eu lírico é egoísta e me restringe. Eu poderia escrever sobre coisas bonitas, histórias interessantes. Talvez eu até pudesse expressar alguma opinião sobre algo. Céus, talvez eu utilizasse parágrafos! Mas meu eu lírico prefere minha vida patética de fumante entediado. Esse egocentrismo lírico me gera uma certa encomodação. Às vezes eu tento falar com ele, bater um papo, dizer que assim não dá pra ficar. Que existem outras coisas além de toda essa profundidade emocional que ele quer demonstrar. Mas meu eu lírico não me escuta! Tomou conta, se adonou da cena, e eu não consigo fazer nada. Só consigo fumar meus cigarros e tomar mais um pouco de café. Fernando Pessoa já sabia "Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente rídiculas", mas meu eu lírico não sabe. Eu tento, eu juro. Mas eu não consigo. Vou ficar com meus cigarros e minhas palavras esdrúxulas. Fui vencido.

Desisto,
adeus.

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